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O Kakumei é meu porto seguro no meio do mar revolto da internet desde 2006. Como toda navegante, eu sempre volto pro Kakumei e pro mar de nadas da internet. Bem-vinde ♥

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Tenie. CDF e nerd, muito cansada. Gosto de gatos e livros (e HQs), de sorvete e milkshake, coisas fofas e coisas assustadoras, playlists estilo Alpha FM. Sempre amei blogar pelo prazer de fazer um post, escolher os gifs, comentar nos bloguinhos amigos, e ficar de boas nesse semi-anonimato.

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[TOGETHER] O estranho caso do glacê da meia-noite
written by Tenie at sábado, 28 de abril de 2018

Hoje tem Together, galera!
Eu escrevi este conto em 30 minutos no último dia antes de fechar o prazo, então. Eu estou me dando tapinhas nas costas agora.
Meu conjunto de palavras era o 11: Vampiro, correio e glacê.
Não sei qual o estado desta budega, mas está aí. As palavras obrigatórias estão sublinhadas, pra não confundir com as palavras que têm ênfase, que estão em itálico.
Bom, tem uns palavrões e algumas menções a sex toys e coisas lowkey impróprias pros di menor. Por favor, atentem pra classificação 16 anos do conto hahahaha



O estranho caso do glacê da meia-noite

Quando o moço do correio me entregou a caixinha parda sem nenhuma marca ou identificação de empresa, eu tive certeza que aqueles eram os dildos que eu tinha comprado depois de muita, muita pesquisa. Sex toys são investimentos de alto envolvimento, como vocês devem saber, e obviamente demandam pesquisa e dedicação.
E eu certamente não queria ninguém com olho grande nas minhas particularidades, portanto, eu fiquei muito satisfeita que a caixa não tinha identificação. Só achei duas coisas meio esquisitas: meu nome não estava na etiqueta de destinatário, mas o meu endereço estava, então eu meio que deixei isso quieto; e a forma estranha como o carteiro me entregou o pacote e disse, em um tom sinistro:
-Faça bom proveito disso e cuide bem dele.
Eu não respondi, mas acho que não havia ninguém mais vermelha ou encafifada que eu naquele dia, num raio de 3 km.
Entrei em casa meio puta, meio desconfortável... Caramba, será que ele olhou dentro da minha encomenda? O lacre estava okay, mas vai saber! Ele trabalha pros Correios, fita pra fechar caixa é o que não deve faltar, certo?
Mas nada disso realmente importava! Eu estava muito animada porque o feriado seria prolongado e a minha encomenda tinha chegado bem a tempo de eu me isolar da sociedade por três dias inteiros para cuidar da minha frustração sexual. E, acima de tudo, evitar contato humano. Aaaaah, a vida é boa, não?
Estava tudo bem, até que eu abri a caixa, tirei todos os isorporezínhos em forma de S do meu caminho e cheguei ao produto... Não eram meus dildos anatomicamente confortáveis e em cores fofas.
Era uma porra de um caderninho de receita da vovó. UMA PORRA DE UM CADERNINHO DE RECEITA DA VOVÓ!
Meu feriado prolongado pra cuidar da frustração sexual estava arruinado! Eu tinha todo o direito de estar puta naquela hora, e tenho todo o direito de permanecer emputecida.
Confesso, era um caderninho jeitosinho, com capa de courinho e umas estampas douradas. Nem parecia um caderninho de receitas, mas quando eu abri - e abri mesmo, se 'tava comigo, eu tinha direitos! - estava escrito em caligrafia bem fresca. E chamo de fresca, porque esse lance de caligrafia cheia de voltas e o caralho é frescura (N/A: Tenie gosta de caligrafia, diferente da personagem):

O grande livro de receitas sombrias de Vovó Calista

É de cair o cu da bunda! Como uma porra dessas veio parar na minha casinha? Eu nem tenho uma ancestral chamada Calista! Eu nem gosto de cozinhar!
Ah, por que eu? Dentre todas as pessoas, por que eu?
Fiquei os próximos momentos jogada no sofá, xeretando o caderninho só de raiva. Tinha umas receitas bem esquisitonas, com sangue e gente morta e lances ritualísticos e menções a criaturas sobrenaturais... Alguém tinha que estar me zuando! Eu estava sendo vítima de alguma câmera escondida ou alguma coisa assim.
Dentre todas as receitas escritas por um adolescente emo dos anos 2000, o carro-chefe da palhaçada parecia ser um tal de Glacê da Meia-Noite, feito de um vampiro para os outros vampiros, e que incluía vários rolês como uma colher de café de medula recém-extraída, dois copos de sangue de virgens e aquafaba - porque obviamente tudo fica mais legal se for vegano e se ninguém tiver comido seus humanos antes de você comê-los literalmente.
Aparentemente, Vovó Calista passou a vida toda procurando formas de tornar a dieta sobrenatural menos nojenta e realmente saborosa. Eu estou cagando pra dieta dos vampiros, dos lobisomens, do chupa-cabra e do pé grande!
Meu feriado está arruinado, eu não quero que ninguém tente me animar!
Isso é falta de respeito com a mulher trabalhadora atrás de diversão privativa e pouco inocente! O que eu devo fazer agora? Sair e socializar????? Entrar em um aplicativo de pegação e marcar com um cara que não acharia um clitóris nem se o Google Maps narrasse o caminho pra ele????????
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
O mundo é mau e cínico.

Eu quase caio da cadeira quando, enquanto ouço Men at Work e trabalho em uma planilha de programação, alguém do correio grita do portão. Eu pego a outra caixa, com o caderninho jogado lá dentro de qualquer jeito, e corro pra atender.
É o mocinho fofo que sempre entrega coisas aqui. Ele me entrega a caixa, sem identificação, mas com meu nome lá na etiqueta - para meu alívio total e completo - e eu assino aquele papel que eu tenho que assinar.
Antes que ele vá, eu pergunto da outra caixa, querendo muito me livrar dela, esperar até às 18h e dar início ao feriado do pecado, if you know what I mean.
Ele olha para a caixa e, um pouco confuso e bastante sem graça, diz que não foi entregue pelos correiros, provavelmente. E, de fato, nem selo tem. Merda.
Volto pra minha casinha. Deixo o caderninho de Dona Calista em cima do sofá enquanto abro o meu pacote e, ladies, gentlemen and people in general, assim que meu home office acabar, posso dar início aos trabalhos do Feriado do Pecado!
Eu não sabia o que ia fazer com o caderninho emoxinho, mas eu também não estava nem aí.

Dez da noite, eu estou me divertindo e já até esqueci a porra do caderninho, quando alguém bate na porta. Dez da fucking noite e alguém vem bater à minha porta?
Eu sei que eu estou a fim de uma sacanagem neste feriado, mas não este tipo de sacanagem!
Fico quieta, fingindo de morta. Seja lá quem for, vá embora! Eu não vou colocar um sutiã de novo até a próxima Terça-feira.
Dali a um tempo, a pessoa desiste. Eu volto pros meus negócios. Francamente, quem eu preciso matar pra poder gozar em paz?
Tem um barulho de janela quebrada na minha sala, mas quem liga?
... Não, espera. O que eu ouvi onde?
Porra, tem um barulho de janela quebrada na minha sala!
Eu tranco a porta e pego o taco de beisebol debaixo da cama. É para momentos assim que eu tenho um isso, algo que eu nunca usei e nunca vou usar para jogar beisebol, porque ninguém joga beisebol neste país. Mas eu preciso me defender e, neste ponto, ele vai servir e vai ser menos suspeito que ter um porrete com pregos na ponta.
Eu me enfio no roupão mais felpudo e ridículo do mundo - realmente, vai ser embaraçoso lutar com um invasor em um roupão roxo com bolinhas brancas, mas okay, é o que tem pra hoje.
Eu abro a porta do quarto e saio no corredor, indo até a sala pé ante pé. Tem um vulto misterioso debruçado sobre o meu sofá. Eu não quero morrer hoje, pra polícia chegar aqui amanhã e achar minhas coisas no meu quarto.
Morrer não é uma opção. Aliás, a única opção é bater no malparido e aí chamar a polícia.
E é com isso em mente que eu corro e dou uma cacetada no invasor, mesmo quando ele se vira, chia e, puxando a capa sobre a cara, toma uma cacetada na cabeça do mesmo jeito e cai de bunda no chão.
Eu olho pro sofá e lembro da vovó Carlota e tal. Isso não justifica, mas explica. O sujeito vai apanhar ainda assim, pra aprender a ter modos.
Ele continua dando a performance mais decadente de Drácula já dada, ainda tentando pegar o caderninho. Eu vou batendo nele pra fora de casa, não tô nem aí, e vai embora engatinhando, sem o caderno ou qualquer resquício de dignidade.
-E não volte nunca mais!

Meu feriado está arruinado. Eu penduro todas as cabeças de alho da casa na janela - que vai ter grade sim, pronto e acabou! - e fico trancada no quarto a noite toda, pesquisando um vidraceiro que trabalhe de fim de semana. E, não bastasse, tem algum celular tocando em algum lugar, mas não é o meu.
Uma vez que amanhece, eu descubro o que andava apitando a noite toda. Parece que a criatura da noite perdeu também o celular, além da dignidade.
Ele tem várias mensagens e nenhuma senha. O celular, como o caderno, está na minha propriedade e eu vou xeretar sim.

Neste exato momento, eu estou vestida - eu coloquei um sutiã antes da Terça-feira, maldito seja! - e esperando pacientemente escurecer, porque aparentemente o filho da noite morava aqui, mas os descendentes não avisaram que iam vender a casa e pegar a grana. Ele está esperando esse caderninho maldito há uns 30 anos, e achou que seria seguro mandar para algum lugar longe da concorrência do restaurante dele. Ele está fazendo uma propaganda forte em cima do tal Glacê da Meia-Noite. Eu não ligo, não quero ligar e tem raiva de quem liga pra essa desgraça!
Eu só estou assim tão solícita porque ele disse que ia pagar a janela. O taco está em mãos, porque eu entendo, mas não perdoo.
Para todos os fins, meu feriado está arruinado e eu odeio vampiros decididamente.
Ahhhhh, a vida é injusta, eu continuo frustrada e agora estou puta. Valeu, Vovó Carlota e esse glacê não sei das quantas!


E fim. Eu escreveria mais tbh.
Bom, estamos abertas a críticas construtivas, sim e sim. Fiquem à vontade para deixar suas críticas e comentários.
E, por hoje, é isso.
Não esqueçam de checar o resto dos contos do pessoal do Together!
Tenham um bom feriadão pra quem emenda - not me, então - e bom finde pra todo mundo!
Kisus, kisus

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